domingo, 15 de setembro de 2013

Novos riscos dos transgênicos na agricultura: o herbicida 2,4-D, componente do “agente laranja.

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Nova primavera silenciosa se aproxima? Na pauta (*) da Reunião da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), do próximo dia 19 de setembro de 2013, constam três processos de liberação comercial de sementes transgênicas de soja e milho, da empresa Dow AgroSciences, com adaptação ao herbicida 2,4-D, de alta toxicidade, junto com outros herbicidas, entre eles o glifosato, também tóxico. A intenção dos transgênicos é resistir a estes agrotóxicos potentes, que matam as chamadas “ervas daninhas” (=especismo?), para “aumentar a produtividade” das commodities agrícolas, ou mesmo pastagens. Mas, segundo dados do próprio Ministério da Agricultura, o que vem aumentando exponencialmente é a venda e o uso de herbicidas e outros agrotóxicos. O uso de agrotóxicos subiu no Brasil, em menos de 10 anos, a partir de 2002, em 70%, enquanto a expansão da área agrícola em 60%. Somos, vergonhosamente, os campeões no mundo no uso de biocidas, desde 2009.
O herbicida 2,4-D (ácido diclorofenoxiacético) foi desenvolvido a partir de 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, sendo na década de 1960 um dos componentes do agente laranja (junto com o 2,4,5-T, na Guerra do Vietnã). É um produto que tem eficácia contra plantas de folhas largas, sendo por isso utilizado para desbastar as florestas, em mais uma guerra provocada, onde os EUA alegava seu uso para poder “enxergar seus inimigos”. Porém, mais do que isso, foi usado como arma química, causando a morte e malformações em milhares de pessoas (**). Ironicamente, a empresa Dow é do mesmo país (EUA) que se diz contra as armas químicas e usa esta “justificativa” para poder atacar agora a Síria.
Esta guerra contra as tais “plantas daninhas”, inclui também a guerra contra a biodiversidade, via morte de plantas as quais mais de 50% delas apresentam potencial de uso alimentício ou medicinal. Um dos produtos mais utilizados hoje com o 2,4-D tem nome comercial Tordon. Nem as pastagens se livram dele. Existe uma gama enorme de alternativas ao uso de herbicidas. A mais inteligente, para começar, é buscar a reconciliação com a biodiversidade, com o consequente banimento das monoculturas, inerentemente quimicodependentes. A Agroecologia e os movimentos sociais no campo têm exemplos de sobra para mostrar que copiar os processos da natureza, sem a atual acumulação ilimitada, é o melhor caminho.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) classificou para a saúde o 2,4-D como Extremamente Tóxico (Classe I) e Perigoso para o meio ambiente (Classe III). Os maiores riscos para a saúde residem no potencial de perturbador endócrino (alterar a função hormonal), sendo também potencialmente cancerígeno. Os principais efeitos dos perturbadores endócrinos são androgênico ou estrogênico-dependentes. Segundo Ferment (2013)***, “ interferências em rotas biológicas geradas por perturbações endócrinas podem causar danos sérios e irreversíveis à saúde humana durante o desenvolvimento fetal e infantil”. Além da característica potencial de toxicidade à reprodução (teratogênico), existem fortes evidências de ser geneticamente tóxico (genotóxico).
Alguns autores, citados por Ferment (2013, observaram disfunções dos neurotransmissores e neuro-hormônios dopamina e serotonina em cérebros de ratos quando expostos ao 2,4-D. Alguns testes encontraram danos a células hepáticas humanas, demonstrando alteração da expressão de vários genes associados, entre outras funções biológicas, à resposta imunitária, à resposta ao estresse, ao ciclo celular e à reparação do DNA (ácido desoxirribonucleico).
Afetaria também o processo de síntese da progesterona, hormônio central nos processos biológicos do ciclo menstrual feminino, e da prolactina, que está envolvida no processo de lactação. Estudos indicam inibição do processo de amamentação em ratas alimentadas com uma dieta incluindo pequenas doses do herbicida, tendo como consequência a perda de peso da progênie.”
O 2,4-D tem como destaque sua tendência de se espalhar mais amplamente no ar do que a maioria dos herbicidas, despejados por via aérea ou por terra. Isso pode comprometer o ambiente nas vizinhanças de seu uso agrícola. Em ambientes fechados, como interior de casas, pode ficar ativo durante vários meses, via pó doméstico. Nos EUA, em cidades onde foram realizadas amostras em habitações a presença do 2,4-D variou em cerca de 60 a 90% das residências. Esse tipo de exposição diária doméstica, mesmo em pequenas doses, corresponderia a uma intoxicação crônica, que pode ria desencadear efeitos endócrinos prejudiciais. Outra característica é que o espalhe do produto pelo ar atinge também pomares e outros cultivos localizados nas proximidades das lavouras onde é aplicado este herbicida.
No que se refere ao meio ambiente, o 2,4-D compromete a vegetação nativa das proximidades onde é aplicado, sendo tóxico para micro-organismos do solo, minhocas, insetos beneficiários e outros organismos importantes para o equilíbrio ecológico da lavoura, como abelhas e predadores naturais (joaninhas, vespas, aranhas, etc.). Apresentaria efeito teratogênico em aves (malformações em filhotes). Em meio aquático é considerado com ecotoxicidade elevada para os micro-organismos do plancton, bioacumulando em peixes, contaminando a cadeia alimentar como um todo, incluindo o ser humano e animais domésticos (Fermant, 2013). Quanto às águas subterrâneas, este herbicida pode se infiltrar facilmente nos solos, contaminando os aquíferos.
Até hoje, segundo Ferment (2013), nenhum país autorizou o plantio comercial de plantas transgênicas tolerantes ao 2,4-D. A regularização do 2,4-D sofre risco na União Europeia (UE), em especial por causa das suas potencialidades de perturbador endocrinológico. O autor destaca que o Conselho de Defesa dos Recursos Naturais, dos EUA, solicitou o banimento do herbicida .
O processo paulatino de aumento de resistência das ervas ruderais (“daninhas”) nas lavouras, com relação à tecnologia de plantas geneticamente modificadas (GM), tolerantes aos herbicidas, está trazendo um aumento quantitativo de biocidas em relação às lavouras convencionais. Com o advento desta tecnologia, os produtores começaram a usar cada vez mais herbicidas a base de glifosato por hectare, em meados da década passada. Nesse sentido, tudo indica que a adoção de plantas tolerantes ao 2,4-D irá aumentar ainda mais as quantidades desse herbicida nos grandes países produtores de grãos transgênicos, inclusive no Brasil. Então, daí, qual a sua vantagem?
Até que se faça algo, a liberação comercial deste evento transgênico pela CTNBio será iminente, pois a Comissão não costuma indeferir os pedidos de liberação comercial desde sua constituição legal, em 2005, extrapolando o poder dos órgãos de fiscalização e controle do Estado.
Entretanto, uma campanha começa a surgir, por parte da Agapan (Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural) e do Mogdema (Movimento Gaúcho em Defesa do Meio Ambiente), entre outros movimentos da academia, do campo e da cidade, para evitar que o Brasil se torne o primeiro país a liberar comercialmente um evento para culturas transgênicas ligadas ao uso de um herbicida componente doagente laranja, utilizado na Guerra do Vietnã. Cabe à sociedade acompanhar isso, começando a questionar e pressionar os membros da CTNBio, em especial os relatores, alguns deles pesquisadores de universidades e outras instituições públicas, inclusive do Rio Grande do Sul.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Agronomia do Campus de Parnaíba da UESPI conquista selo nacional de qualidade.

Agronomia do Campus de Parnaíba da UESPI conquista selo nacional de qualidade.


curso de Agronomia do Campus de Parnaíba da Universidade Estadual do Piauí foi um dos treze cursos da UESPI que conseguiram o selo de “Melhores Universidades“ no Guia do Estudante. Treze cursos da Universidade Estadual do Piauí (Uespi) conseguiram selos de"Melhores Universidades" no Guia do Estudante divulgado pela Editora Abril para o ano de 2013.

Esta é a primeira vez, em 20 anos de existência do selo, que a instituição piauiense é selecionada. Dos 13 cursos, 11 foram classificados como três estrelas e dois com quatro. O máximo são cinco estrelas.

Com três estrelas ficaram os cursos de Agronomia (Campus de Parnaíba), Biblioteconomia (Teresina), Ciências Contábeis (Teresina), Ciência da Computação (Teresina), Direito (Teresina), Educação Física (Floriano e Teresina), Pedagogia (Campo Maior, Floriano e Picos) e Turismo (Teresina).

Com quatro estrelas foram classificados os cursos de Fisioterapia e Pedagogia, ambos ministrados em Teresina.

Os critérios de avaliação do Guia do Estudante levam em conta os dados cadastrais das instituições e instalações (infraestrutura), titulação dos professores e desenvolvimento de pesquisas acadêmicas. Os selos são dados após pareceres de especialistas nas áreas avaliadas. 

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Curso de Agronomia do Campus de Uruçuí realiza Dia de Campo da Agricultura Familiar.

Na última sexta-feira, 30, sob a coordenação do Professor Doutor José Adeilson Medeiros do Nascimento, o Curso de Agronomia do Campus de Uruçuí daUniversidade Estadual do Piauí – UESPI, realizou no Sítio PIAPAR (Uruçuí) e com a parceria do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar – SINTRAF Uruçuí, o I dia do campo da agricultura familiar.

No início o público era tímido, porém, em seguida vários participantes chegaram e totalizaram quase 160
Segundo o coordenador, o projeto objetiva evidenciar a produção de frutas e hortaliças irrigadas no âmbito da agricultura familiar, uma das potencialidades do município, e chamou atenção de aproximadamente 160 pessoas, dentre elas alunos de nível básico, graduandos em Agronomia da UESPI, além de agricultores familiares da cidade e regiões próximas.

Plantação de cebolinha do sítio PIAPAR foi visitada pelos participantes
Ao todo, sete estandes foram expostos para explicações sobre apicultura (Prof. Mestre Márcio Alves Silva – UESPI), cultivo de abacaxi (Prof. Mathias Gomes Marques Machado – EMATER Uruçuí), criação de animais (Técnico Francisco Assis Leão Cardoso – EMATER), macaxeira (Secretário de de Meio Ambiente de Sebastião Leal Henrique Carvalho), cultivo da banana (Profª Evamberlle Sousa Araújo – UESPI), hortaliças (Profª Doutora Anarlete Ursulino Alves – UESPI) e técnicas de irrigação (Prof. Doutor Antônio Helder Rodrigues Sampaio – IFPI).

Grande público se fez presente para aprender novas técnicas da agricultura familiar
O docente Adeilson Medeiros fala que encontros construtivos como o ocorrido devem continuar acontecendo, para que haja mais interação e troca de informaçõesentre agricultores familiares, universidade e sindicato. “O evento foi um sucesso e iniciativas como essa devem se tornar mais frequentes para que se fortaleçam os elos entre agricultores familiares, universidade e SINTRAF, o que proporcionará um crescimento significativo de todas as partes envolvidas”, afirma Adeilson.
De acordo com o presidente do SINTRAF,  Renato Pereira Gomes, eventos como esse promovem a expansão de técnicas e estimula o empreendedorismo na agricultura familiar. “Eventos dessa natureza promovem a expansão de técnicas utilizadas na agricultura familiar, abrem espaço para o surgimento de novos empreendedores familiares, assim como o Seu Emílio, proprietário do sítio PIAPAR,  e com efeito, proporciona maior oferta de produtos de qualidade para o mercado consumidor local”, explica o presidente.
Já o proprietário do sítio onde foi realizado a exposição, Emílio Michalchechen, ficou feliz pelo sucesso do evento e gostou de ver o interesse dos participantes. “Foi um evento espetacular, estou muito feliz porque superamos a expectativa e as pessoas mostraram muito interesse em aprender o que foi exposto”, finalizou Emílio.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Agricultores dos perímetros irrigados são beneficiados por cancelamento de débitos no CADIN por um ano.

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Medida é válida por um ano, enquanto solução definitiva é ajustada juridicamente | FOTO: Codevasf |
Está suspensa, pelo prazo de um ano, a contar de 30 de agosto (última sexta-feira), a cobrança dos débitos inscritos no Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal (Cadin), das parcelas vencidas referentes à amortização dos lotes titulados e ao pagamento de tarifa d’água K1 (amortização da infraestrutura de irrigação de uso comum) de todos os perímetros de irrigação da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). A exigibilidade dos débitos vincendos nesse lapso de tempo também fica suspensa. Essas são as normas definidas pela Portaria 398/2013 do Ministério da Integração, publicada no Diário Oficial da União do dia 30 de agosto, alcançando milhares de agricultores assentados em distritos de irrigação, que estavam impossibilitados de acessar novos créditos para investimentos e custeio. O disposto na portaria aplica-se somente aos agricultores assentados até a data de publicação deste instrumento.
“Isso significa a injeção de milhares de reais na economia das regiões onde os distritos estão localizados, porque permite aos produtores buscarem novos créditos junto aos agentes financeiros”, disse o secretário estadual da Agricultura, engenheiro agrônomo Eduardo Salles, que como presidente do Conselho Nacional dos Secretários de Agricultura (Conseagri), encaminhou diversos ofícios ao Ministério da Integração, e participou de inúmeras audiências na Codevasf e no Ministério da Integração Nacional, pleiteando essa medida. “Com essa portaria, faz-se justiça aos agricultores irrigantes, responsáveis pela geração de milhares de empregos”, afirmou.
Salles agradeceu ao ministro Fernando Bezerra, ao presidente da Codevasf, Elmo Vaz, e ao chefe de gabinete do MI, Wagner Maciel, pela sensibilidade com que trataram a questão, e destacou ainda a participação do governador Jaques Wagner, do prefeito de Bom Jesus da Lapa, Eures Ribeiro, e dos deputados Mário Negromonte e Mário Negromonte Júnior junto ao MI para que fosse atendida essa demanda dos agricultores irrigantes.
Salles citou ainda lideranças dos produtos de Bom Jesus da Lapa, a exemplo do presidente do Conselho Administrativo do Distrito de Irrigação Formoso, Antonio Marcio Rodrigues e do presidente da Associação Banana da Bahia, Ervino Kogler; Josival Barbosa, de Juazeiro, e o presidente da Associação dos Irrigantes e Agricultores da Bahia (Aiba), Júlio Busato, em nome dos irrigantes da Região de Barreiras. “As lideranças desempenharam importante papel para que conquistássemos essa vitória”, afirmou.
Na última reunião realizada no final de junho, em Brasília, no Ministério da Integração, o presidente do Conselho Administrativo do Distrito de Irrigação Formoso, em Bom Jesus da Lapa, Antonio Marcio Rodrigues e o presidente da Associação Banana da Bahia, Ervino Kogler, acompanhados pelo secretário Eduardo Salles, entregaram ao chefe de gabinete do MI, Wagner Maciel, uma proposta de renegociação dos passivos fundiários, que segundo eles criará condições para que três mil hectares não utilizados do Projeto Formoso em função deste problema possam iniciar ou voltar à operação, gerando milhares de empregos diretos e indiretos, incrementando o faturamento do distrito em milhões de reais/anos.
Enquanto um hectare licitado pela própria Codevasf em projeto novo tem custo de R$ 2,8 mil, as taxas aplicadas na amortização dos lotes titulados fizeram com que a dívida dos agricultores do Formoso chegasse a até absurdos R$ 17 mil por hectare. Essa distorção atinge todos os distritos de irrigação. No documento, os agricultores propõem recalcular o débito de forma individual de cada lote produtivo, retroativo à data da licitação, aplicando sobre o resultado juros fixos de 3% ao ano, sem correção monetária, e após este cálculo repactuar através de negociação definitiva nos moldes do FNE Verde do Banco do Nordeste do Brasil.
FONTE: CODEVASF

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Revista Sapiência destaca o trabalho desenvolvido por discentes da Agronomia - Bolsista do programa PIBIC/CNPq/UESPI.


A revista de circulação que mostra as atividades científicas desenvolvidas no Estado Piauí destaca na Edição de Número 34, o trabalho dos bolsistas e discentes do curso de Agronomia da UESPI de Parnaíba sobre o cultivo de melancia sob manejo orgânico.



Embrapa Meio Norte disponibiliza mais 02 vagas para estágio na área de Agronomia na unidade de Parnaíba.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, através do seu  Centro de Pesquisa Agropecuária do Meio-Norte - Embrapa Meio-Norte, torna  público a inclusão de área constantes no Anexo I do edital 02/2013, para  provimento de vagas para estagiários em Parnaíba(PI), de acordo com as
especificações abaixo:
 Inscrições: ficam prorrogadas até dia 06/09/2013;
 Seleção: de 09/09/2013 a13/09/2013;
 Divulgação de Resultados: 16//09/2013;

Inscrições para estágio vão até o dia seis de setembro 

http://www.cpamn.embrapa.br/selecao/Edital_2-2013aditivo.pdf

Docente da UESPI está em fase de conclusão de Pós-Doutorado na Espanha

O professor Adjunto da Universidade Estadual do Piauí – UESP, Campus “Prof. Alexandre Alves” no município de Parnaíba, DSc. Luis Gonzaga Medeiros de Figueredo Júnior, atualmente encontra-se em fase de conclusão de Pós-Doutorado na Universitat Politècnica de València- UPV, Espanha, na área de recursos hídricos e meio ambiente.

O estudo desenvolvido pelo Prof. Luis Gonzaga aborda  o uso racional da água, tento em vista a preocupação crescente com a quantidade e a qualidade da água disponível aos diversos usos, em especial na agricultura irrigada, responsável pela produção de alimentos com elevados rendimentos.
“Ter acesso às pesquisas desenvolvidas em centros de referência é importante para a geração e transferência de tecnologias de ponta em regiões carentes como o nosso estado”, comenta o Prof. Luis Gonzaga. E ainda acrescenta que as inovações técnicas no armazenamento, transporte e distribuição de água são fundamentais para enfrentar o desequilíbrio entre oferta e demanda, possibilitando novas soluções para resolver este desequilíbrio.
O retorno do Prof. Luís Gonzaga está previsto para o mês de setembro deste ano, e a UESPI espera que sua qualificação possa contribuir para a melhoria da formação de nossos alunos e na geração de novas pesquisas.
Fonte:ASCOM /Assessoria de Comunicação - UESPI

sábado, 24 de agosto de 2013

Atualidade: Planeta esgota hoje sua cota natural de recursos para 2013!!! Brasil aparece como um país credor!!!

Se a humanidade se comprometesse a consumir a cada ano só os recursos naturais que pudessem ser repostos pelo planeta no mesmo período, em 2013 teríamos de fechar a Terra para balanço hoje, 20 de agosto. Essa é a estimativa da Global Footprint Network, ONG de pesquisa que há dez anos calcula o "Dia da Sobrecarga".
Neste ano, o esgotamento ocorreu mais cedo do que em 2012 --22 de agosto--, e a piora tem sido persistente. "A cada ano, temos o Dia da Sobrecarga antecipado em dois ou três dias", diz Juan Carlos Morales, diretor regional da entidade na América Latina.
Para facilitar o entendimento da situação, a Global Footprint Network continua promovendo o uso do conceito de "pegada ambiental", uma medida objetiva do impacto do consumo humano sobre recursos naturais.
No Dia da Sobrecarga, porém, expressa-o de outra maneira: para sustentar o atual padrão médio de consumo da humanidade, a Terra precisaria ter 50% mais recursos.
Editoria de Arte/Folhapress
Sobrecarga global
Sobrecarga global
Para fazer a conta, a ONG usa dados da ONU, da Agência Internacional de Energia, da OMC (Organização Mundial do Comércio) e busca detalhes em dados dos governos dos próprios países.
O número leva em conta o consumo global, a eficiência de produção de bens, o tamanho da população e a capacidade da natureza de prover recursos e biodegradar/reciclar resíduos. Isso é traduzido em unidades de "hectares globais", que representam tanto áreas cultiváveis quanto reservas de manancial e até recursos pesqueiros disponíveis em águas internacionais.
A emissão de gases de efeito estufa também entra na conta, e países ganham mais pontos por preservar florestas que retêm carbono.
Apesar de ter começado a calcular o Dia da Sobrecarga há uma década, a Global Footprint compila dados que remontam a 1961. Desde aquele ano, a sobrecarga ambiental dobrou no planeta, e a projeção atual é de que precisemos de duas Terras para sustentar a humanidade antes de 2050. A mensagem é que esse padrão de desenvolvimento não tem como se sustentar por muito tempo.
"O problema hoje não é só proteger o ambiente, mas também a economia pois os países têm ficado mais dependentes de importação, o que faz o preço das commodities disparar", diz Morales. "Isso ocorre porque os serviços ambientais [benefícios que tiramos dos ecossistemas] já não são suficientes".
BRASIL "CREDOR"
No panorama traçado pela Global Footprint Network, oBrasil aparece ainda como um "credor" ambiental, oferecendo ao mundo mais recursos naturais do que consome. Isso se deve em grande parte à Amazônia, que retém muito carbono nas árvores, e a uma grande oferta ainda de terras agricultáveis não desgastadas.
Mas, segundo a ONG WWF-Brasil, que faz o cálculo da pegada ambiental do país, nossa margem de manobra está diminuindo (veja quadro à dir.), e exibe grandes desigualdades regionais. "Na cidade de São Paulo, usamos mais de duas vezes e meia a área correspondente a tudo o que consumimos", diz Maria Cecília Wey de Brito, da WWF. O número é similar ao da China, um dos maiores "devedores" ambientais.

ARTIGO: Benefícios do Silício para Cana de Açúcar.

Na cultura da cana-de-açúcar, o uso de silício proporciona ganhos de produtividade que podem chegar a 20%, além de aumentar a resistência das plantas contra o ataque de pragas e doenças.
1. O silício como nutriente benéfico às plantas
O silício (Si) é o segundo elemento mais abundante na crosta terrestre, atrás apenas do oxigênio. Na natureza, o Si só ocorre combinado, principalmente, como mineral inerte em areias, quartzo (SiO2), caulinita, micas, feldspatos ou outros argilominerais (alumínio, magnésio, cálcio, sódio, potássio ou ferro), com os quais forma silicatos (Marschner, 1995). Apesar de ser um dos elementos mais abundantes e, estar presente na maioria dos solos em quantidades consideráveis, os solos arenosos e de textura média, os quais representam grande parte das áreas de expansão da cultura da cana-de-açúcar, contêm menores teores de silício solúvel nos seus horizontes superiores (Camargo et al., 2007). O silício é absorvido na forma de ácido monossilícico (H4SiO4) juntamente com a água (fluxo de massa) e se acumula principalmente nas áreas de máxima transpiração (tricomas, espinhos, etc.) como ácido silícico polimerizado (sílica amorfa). Em geral, são consideradas como acumuladoras de silício, as plantas com teor foliar acima de 1%, como a cana-de-açúcar, e como não acumuladoras, aquelas com teores de Si inferiores a 0,5% (Ma et al., 2001).
2. Benefícios do silício para a cana-de-açúcar
Os efeitos benéficos do Si às plantas estão relacionados, principalmente, ao aumento da resistência ao ataque de insetos-praga, nematoides ou doenças e à redução na taxa de transpiração através do controle do mecanismo de abertura e fechamento estomático, o que proporciona maior tolerância à falta de água nos períodos de baixa umidade do solo. Outros benefícios podem ser citados como: amenização dos efeitos do excesso de metais pesados e do estresse salino, tolerância às adubações pesadas com nitrogênio, aumento da força mecânica dos colmos (com decréscimo na suscetibilidade ao acamamento) e melhoria na arquitetura das plantas (com melhor penetração de luz no dossel devido ao crescimento mais ereto das folhas e a redução do autossombreamento) (Liang et al., 2007).
3. Fontes de silício e manejo da aplicação de silicatos
Solos tropicais e subtropicais, submetidos ao manejo intensivo e à monocultura, sujeitos à intemperização e lixiviação, normalmente, apresentam altos índices de acidez, teores de alumínio e capacidade de fixação de P, além de baixa saturação por bases e baixos níveis de Si disponível, devido ao processo de ‘dessilicificação’ (Matichenkov & Calvert, 2002).
Os solos argilosos apresentam maior quantidade de filossilicatos (minerais de argila que liberam Si e Al3+) e maior quantidade de Si em solução quando comparados aos arenosos. Apesar de que a fração areia seja constituída predominantemente por quartzo (SiO2), este é um mineral de difícil decomposição química, o que torna os solos arenosos mais responsivos do que os argilosos em relação à aplicação de silicatos (Demattê et al., 2011).
Entre os principais materiais utilizados como fonte de Si para as plantas temos: escórias de siderurgia (Figura 1), wollastonita, silicato de cálcio (subproduto da produção de fósforo elementar), silicato de cálcio e magnésio, metassilicatos de cálcio e de sódio, silicato de potássio e de magnésio (serpentinito), cimento e termofosfato. Os silicatos têm, no solo, comportamento similar ao calcário, promovendo reações químicas semelhantes, dentre elas: aumento do pH, redução na saturação por Al+3, precipitação de Al e Mn tóxicos, aumento dos teores de Ca e Mg trocáveis, da saturação de bases dos próprios teores de Si no solo (Korndörfer et al., 2004).
A dose de silício a se aplicar para correção da acidez do solo em áreas de canaviais pode ser definida pelo método da saturação por bases (V%), objetivando-se elevá-la a 80% para que haja um efeito residual suficiente para todo o ciclo da cultura. Apesar de ainda não existir um critério de recomendação de doses, baseado em estudos de calibração das análises de Si solúvel no solo e na produtividade da cana-de-açúcar, bem como sobre o efeito residual dos silicatos, dados disponíveis indicam que as doses devem variar de 3 a 6 toneladas de silicato por hectare (Prado et al., 2001).
4. Aumento da produtividade da cana-de-açúcar com o uso de silicatos
Embora não seja considerado um nutriente essencial, o Si é o elemento mais absorvido pela cana-de-açúcar, seguido por potássio (K), nitrogênio (N), cálcio (Ca) e magnésio (Mg). Diversos trabalhos efetuados no Brasil e no exterior têm constatado efeitos benéficos do Si em áreas cultivadas com cana-de-açúcar. Experimentos conduzidos com cana-de-açúcar, em solos arenosos, demonstraram aumentos de produção de 11 a 16% na cana-planta e de 11 a 20% na cana-soca, com a aplicação de 2,8 t ha-1 de silicato de cálcio e magnésio (Datnoff et al., 2001).
Silveira Junior et al. (2003) demonstraram que a aplicação de 4 t ha-1 de silicato resultou em aumento de 11,4% ou 16 toneladas na produção de colmos na cana-soca (2º corte). Em outro experimento foram aplicados 7,1 e 14,2 t ha-1 de silicato de cálcio com aumentos médios anuais de 13,9 e 18,2 t ha-1 na produção de colmos durante seis anos de avaliação (Korndörfer et al., 2002).
Altas produtividades em cana-de-açúcar parecem estar relacionadas com altas concentrações de Si nas folhas. Os teores podem variar desde muito baixos em folhas jovens (0,14%) até muito altos em folhas velhas (6,7%) (Figura 2). Arruda (2009) verificou correlações positivas entre teores foliares de Si e a produção de colmos em condições de campo. Nas áreas onde os teores foliares foram de 22 g kg-1, a produtividade média foi de 160 t ha-1, enquanto nas áreas onde os teores foliares foram de 15 g kg-1, a produtividade ficou em 128 t ha-1.
Prado (2000), avaliando a resposta da cana à aplicação de escória como corretivo de acidez, observou que a produtividade foi influenciada positivamente, alcançando 100 e 75 t ha-1, superiores às obtidas com a testemunha na cana-planta (89 t ha-1) e na cana-soca (58 t ha-1), respectivamente. Este autor verificou um efeito residual da escória siderúrgica na produção das soqueiras, com menor decaimento da produção ao longo dos cortes da cultura.
Algumas usinas sucroenergéticas da região de Ribeirão Preto/SP aplicam silicatos em suas plantações. Uma delas é a Usina Colombo, no município de Ariranha/SP, que aplica silicato em 35 mil hectares de área plantada e, a outra, é a Usina Guaíra, no município de mesmo nome, que o emprega em 10% dos seus 33 mil hectares de área (Filgueiras, 2007).
5. O silício e a resistência às doenças e pragas.
O uso de silicatos em cana-de-açúcar vem apresentando resultados positivos no controle de pragas e doenças. Os mecanismos de resistência das plantas conferidos pelo Si às pragas e doenças são decorrentes de sua associação com os constituintes da parede celular, tornando-a menos acessível às enzimas de degradação. A rigidez e o espessamento da parede celular, provocados pela deposição de sílica na epiderme, atuam como fatores de resistência mecânica. O ataque de pragas, principalmente a broca-da-cana (Diatraea saccharalis) e as cigarrinhas da folha (Mahanarva posticata) e das raízes (M. fimbriolata), e de doenças como a ferrugem da cana-de-açúcar (Puccinia melanocephala) e a mancha anelar (Leptosphaeria sacchari), podem ser diminuídas com o acúmulo de Si (Datnoff et al., 2007), o que o torna este elemento muito importante no manejo integrado de pragas e doenças, especialmente por atuar na indução de resistência das plantas.
A aplicação de silicato ao solo interferiu no desenvolvimento da M. fimbriolata, diminuindo a longevidade de machos e fêmeas em laboratório e a população de ninfas em condições de campo, melhorando a qualidade da matéria-prima (Korndörfer et al., 2011). Estes autores verificaram que o uso de silicato de potássio em áreas cultivadas com cana reduziu as chances das populações de M. fimbriolata atingirem níveis de dano econômico.
O acúmulo de Si nas folhas provoca a formação de uma dupla camada de sílica cuticular, a qual, pelo aumento da espessura, promove redução na taxa de transpiração, diminuindo a abertura dos estômatos e limitando a perda de água das plantas. Este acúmulo de Si nas folhas pelo uso de silicato resultou no controle parcial da broca-da-cana (D. saccharalis) (Camargo et al., 2010).
6. Custo-benefício da aplicação de silício na cultura da cana-de-açúcar
No processo de escolha da fonte de silício, deve-se considerar o poder relativo de neutralização total (PRNT) e a distância entre o local de produção e a propriedade, já que, muitas vezes, os locais de aplicação são muito distantes, encarecendo o custo do produto pelo elevado preço do frete. A análise da relação custo/benefício é que vai determinar a viabilidade ou não da aplicação do silicato em substituição ao calcário (Korndorfer et al., 2004).
O aumento da longevidade do canavial ou redução do declínio da produção da cana-de-açúcar pode significar aumento do número de cortes antes do replantio, o que é extremamente importante do ponto de vista econômico. O preço médio de uma tonelada de silício é de aproximadamente R$ 40,00. Se forem utilizados 800 kg de silício em um hectare, o produtor de cana-de-açúcar teria um custo médio de R$ 80,00 por hectare, englobando os preços do insumo e de sua aplicação, entretanto, ganharia em torno de R$ 240,00 com o aumento na produtividade (Correio de Uberlândia, 2012).
7. Considerações finais
A ação positiva do silício no aumento da produtividade da cana-de-açúcar tem sido atribuída, tanto ao seu efeito corretivo no solo, como também, propriamente, à ação do silício como nutriente benéfico (Demattê et al., 2011). Neste sentido, cabe salientar que, os benefícios proporcionados pelo Si são observados com maior frequência em solos pobres no elemento e/ou em anos com adversidades (veranicos ou períodos secos prolongados, geada, alta incidência de pragas e/ou doenças). Portanto, a falta deste nutriente benéfico pode diminuir a capacidade biológica das plantas em resistir às condições ambientais adversas (Rafi et al., 1997).
Referências
ARRUDA, D. P. Avaliação de extratores químicos na determinação de silício disponível em solos cultivados com cana-de-açúcar. 2009. 78 f. (Dissertação: Mestrado em Agronomia) - Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 2009.
CAMARGO, M.S.; KORNDÖRFER, G.H.; FOLTRAN, D.E.; HENRIQUE, C.M.; ROSSETTO, R. Absorção de silício, produtividade e incidência de Diatraea saccharalis em cultivares de cana-de-açúcar. Bragantia, v. 69, p. 937-944, 2010.
CAMARGO, M.S.; KORNDÖRFER, G.H.; PEREIRA, H.S. Solubilidade do silício em solos: influência do calcário e ácido silícico aplicados. Bragantia, v. 66, p. 637-647, 2007.
CORREIO DE UBERLÂNDIA. De baixo custo, uso do silício aumenta a produtividade nas lavouras. Disponível em: <http://www.correiodeuberlandia.com.br/cidade-e-regiao/uso-do-silicio-aumenta-a-produtividade-nas-lavouras/> Acesso em: 15/12/2012.
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DEMATTÊ, J.L.I.; PAGGIARO, C.M.; BELTRAME, J.A.; RIBEIRO, S.S. Uso de silicatos em cana-de-açúcar. Informações Agronômicas, n. 133, p. 7-12, 2011.
FILGUEIRAS, O.  Silício na agricultura. PESQUISA FAPESP, n. 140, p. 72-74, 2007.
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KORNDÖRFER, G.H.; PEREIRA, H.S.; CAMARGO, M.S. Silicatos de cálcio e magnésio na agricultura. 3 ed. Uberlândia: GPSi/ICIAG/UFU, 2004, 24 p. (Boletim Técnico, 1).
LIANG, Y.C.; SUN, W.; ZHU, Y.G.; CHRISTIE, P. Mechanisms of silicon-mediated alleviation of abiotic stresses in higher plants: a review. Environmental pollution, v. 147, p. 422-428, 2007.
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MATICHENKOV, V.V.; CALVERT, D.V. Silicon as a beneficial element for sugarcane. Journal of the American Society of Sugarcane Technologists, v.22, p.21-30, 2002.
PRADO, R.M. Resposta da cana-de-açúcar à aplicação de escória silicatada como corretivo de acidez do solo. 2000. Dissertação (Mestrado em Agronomia) Faculdade de Engenharia da Universidade Estadual Paulista. Ilha Solteira, 2000.
PRADO, R.M.; FERNANDES, F.M.; NATALE, W. Uso agrícola da escória de siderurgia no Brasil: estudos na cultura da cana-de-açúcar. Jaboticabal: FUNEP, 2001. 67p.
RAFI, M.M.; EPSTEIN, E.; FALK, R.H. Silicon deprivation causes physical abnormalities in wheat (Triticum aestivum L.). Journal of Plant Physiology, v.151, p.497-501, 1997.


FONTE: PORTALDIADECAMPO

SUGESTÃO DE LIVROS: Efeitos da nutrição mineral no controle de doenças de plantas.

Plantas bem nutridas são mais resistentes às doenças. Diante dessa perspectiva, o pesquisador do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), José Aires Ventura, o professor do Departamento de Fitopatologia da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Laércio Zambolim e o pesquisador do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Luiz Antônio Zanão Júnior, publicaram recentemente um livro que aborda a importância dos nutrientes minerais para o crescimento e resistência das plantas às doenças.
Intitulado “Efeitos da nutrição mineral no controle de doenças de plantas”, o livro apresenta uma coletânea de 13 capítulos, nos quais são abordados os mecanismos de ação de nutrientes, como o nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, enxofre, magnésio e silício nas plantas. Além disso, também trata do papel dos fertilizantes na agricultura, tanto os químicos quanto os orgânicos.
“O livro demonstra que é possível adequar as estratégias de controle de doenças em plantas reduzindo a dependência do uso de agrotóxicos. Muitas vezes, utilizam-se esses produtos sem necessidade e de forma inadequada, sendo que por meio da adoção de estratégias de manejo, como a nutrição, pode-se evitar doenças”, afirma o pesquisador do Incaper, José Aires Ventura.
A falta ou o excesso de nutrientes acarretam alterações no metabolismo das plantas, tornando-as mais vulneráveis a determinadas doenças. O livro traz justamente a proposta de equilíbrio de nutrientes minerais. “Quando um nutriente é essencial a uma espécie de planta, ele deve ser fornecido em quantidade e em equilíbrio com outros nutrientes também essenciais, pois a deficiência pode acarretar maior gravidade de determinadas doenças”, explica Aires.
“Os nutrientes minerais estão entre os fatores que se relacionam diretamente à produtividade das plantas, acompanhados da água e da luz. Por isso, a indicação de nutrientes para tipos específicos de plantas, a dosagem e o período de aplicação são elementos fundamentais para elevar a produtividade”, explica o professor Laércio Zambolim.
Ele também diz que um determinado nutriente pode atuar de maneira diferente conforme o tipo de doença. “Um mineral pode reduzir a severidade de uma doença causada por um determinado fungo em uma planta, ou aumentá-la. Não há uma regra universal de aplicação de nutrientes, depende da planta e do tipo de doença. Por isso, o livro buscou tratar dessas especificidades”, disse Zambolim.
A obra é destinada principalmente a engenheiros agrônomos, extensionistas, pesquisadores e estudantes das áreas de Ciências Agrárias e atualiza informações já publicadas desde 1993 pelos autores. “Diante da grande demanda por esse tipo de informação, optamos pela publicação do livro com informações mais atualizadas”, informou José Aires.
Capítulos
O livro “Efeitos da nutrição mineral no controle de doenças de plantas” é composto por 13 capítulos:

Capítulo 1: Importância e função dos nutrientes no crescimento e desenvolvimento de plantas.
Capítulo 2: Mecanismos gerais de atuação dos nutrientes sobre a severidade de doenças de plantas.
Capítulo 3: Efeito do nitrogênio na interação com doenças de plantas.
Capítulo 4: Mecanismos de ação do fósforo na severidade de doenças de plantas.
Capítulo 5: Mecanismos de ação do potássio na interação com doenças de plantas.
Capítulo 6: Mecanismos de ação do cálcio na interação com doenças de plantas.
Capítulo 7: Mecanismos de ação do enxofre na interação com doenças de plantas.
Capítulo 8: Mecanismos de ação do magnésio na interação com doenças de plantas.
Capítulo 9: Mecanismos de ação de micronutrientes na interação com doenças de plantas.
Capítulo 10: Elementos benéficos envolvidos na indução da resistência de plantas a doenças.
Capítulo 11: Mecanismos de ação do silício na interação na redução de doenças de plantas.
Capítulo 12: Efeito do pH sobre doenças de plantas.
Capítulo 13: Papel dos fertilizantes na agricultura moderna.

Serviço
O livro “Efeitos da nutrição mineral no controle de doenças de plantas” é uma publicação do Departamento de Fitopatologia da UFV. É possível adquiri-lo pela livraria Universo Agrícola, acessando o link http://is.gd/D23Zgv

A publicação também está disponível na biblioteca do Incaper para consulta. Mais informações pelo telefone (27) 3636-9847 e pelo e-mailbiblioteca@incaper.es.gov.br.

PESQUISA: avalia complemento mais equilibrado para bezerros

Quando nascem, os bezerros ainda não contam com o pleno funcionamento do rúmen – o primeiro de quatro compartimentos que formam uma estrutura semelhante ao estômago nos ruminantes. O desenvolvimento do órgão depende da ingestão de alimentos sólidos, que são fermentados por bactérias e resultam em produtos finais absorvidos e metabolizados pela parede interna do rúmen.
Por esse motivo – e para reduzir os custos de se manter os bezerros em dietalíquida, o que diminui a quantidade de leite disponível para venda –, a dieta de bezerros em fase de aleitamento costuma ser complementada por concentrados à base de milho, alimento de alto valor energético, e por fontes de proteína, normalmente o farelo de soja. Mas pesquisadores do Departamento de Zootecnia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (USP/Esalq), em Piracicaba (SP), têm buscado uma alternativa melhor para esse complemento alimentar.
“Procuramos alternativas que ajudem a diminuir o custo de produção e a regularizar o consumo alimentar pelos bezerros. O consumo do complemento é por vezes desequilibrado – com picos seguidos por dias sem se alimentar –, possivelmente devido à acidose ruminal. Trata-se de um distúrbio metabólico provocado pelo alto teor de amido (abundante no milho), que acaba comprometendo o consumo de alimento sólido, retardando o desenvolvimento do rúmen”, disse Carla Maris Machado Bittar, professora da USP/Esalq que conduziu um projeto de pesquisa sobre o assunto com apoio da FAPESP.
O primeiro objetivo de Bittar e sua equipe – achar substitutos economicamente interessantes, sem prejudicar o desenvolvimento e o desempenho futuro dos animais – já foi alcançado. “Estabelecemos taxas seguras para a substituição do milho por polpa cítrica (50% ou 100%), glicerina bruta (até 10%), melaço de cana (5% ou 10%) ou xarope de milho (5%)”, disse a pesquisadora.
As quatro alternativas são coprodutos industriais, gerados compulsoriamente apartir da fabricação de outros alimentos (a polpa cítrica, por exemplo, resulta da produção de suco de laranja). Também têm boa disponibilidade no Sudeste, por conta das indústrias de processamento, e já são comumente usadas na dieta de animais adultos.
Além disso, segundo Bittar, esses ingredientes têm potencial para colaborar com a saúde do rúmen. “A polpa cítrica contém pectina (carboidrato considerado fibra solúvel e totalmente utilizado por bactérias ruminais) e talvez ajude na diminuição da diarreia, principal causa de morte entre os bezerros com até 14 dias”, disse.
“Já o melaço melhora a palatabilidade dos concentrados e, depois de ser fermentado, produz ácido butírico, capaz de estimular o desenvolvimento ruminal. Estudos posteriores podem investigar essas e outras características dos coprodutos”, disse Bittar.
A comprovação de que o concentrado favorece a redução da acidose ruminal e, possivelmente, a regularização do consumo alimentar também requer novos estudos. “Nosso objetivo era avaliar os animais até a oitava semana de vida, mas é provável que existam benefícios após o desaleitamento, quando o consumo de concentrado cresce”, disse a pesquisadora.
Um dos fatores que sugerem possíveis ganhos em animais adultos é o melhor desenvolvimento do rúmen, observado após a inclusão de polpa cítrica nos concentrados. Isso porque desenvolver o rúmen mais cedo pode resultar em maior consumo de alimentos, o que, por sua vez, colabora para uma produção mais eficiente no caso das vacas leiteiras.
Condução dos experimentosO projeto da USP/Esalq foi realizado em levas de experimentos com procedimentos semelhantes – a diferença consistiu no tipo de ingrediente usado nos concentrados em substituição ao milho (polpa cítrica, glicerina bruta, melaço de cana ou xarope de milho). Em cada etapa, dez bezerros da raça holandesa, com aproximadamente cinco dias de vida, foram alojados em abrigos individuais do Bezerreiro Experimental da universidade.
Os animais receberam quatro litros diários de substituto de leite (leite em pó), sendo dois litros pela manhã e dois litros à tarde. A opção por essa quantidade não foi aleatória.
“Hoje, há dois sistemas de alimentação de bezerros, com objetivos distintos. Um deles, o que utilizamos, visa ao desaleitamento precoce”, disse Bittar. Ou seja, estimular um maior consumo de concentrado e o desenvolvimento mais rápido do rúmen, preparando os animais para o desaleitamento.
“Dessa forma, garante-se um ganho de peso razoável e com menor custo, uma vez que a dieta líquida com leite onera a produção”, completou a professora da Esalq. Em oposição, o segundo sistema visa aumentar o ganho de peso, usando mais litros de leite ou de substituto de leite (6, 8 e até 12 litros diários), com possíveis benefícios no aumento do potencial de produção futura de leite.
Os animais do estudo também receberam água e concentrado à vontade. Para parte dos bezerros, a composição dos concentrados ganhou porcentagens variadas dos ingredientes em teste. Para a outra parte, de controle, a principal fonte de energia dos concentrados permaneceu 100% milho, como o usual.
“É importante lembrar que havia outros coprodutos na formulação, em quantidades pequenas, de forma a ajustar o teor necessário de fibras. É o caso da casquinha de soja e/ou do farelo de trigo”, explicou Bittar.
O consumo foi monitorado diariamente e os animais foram pesados e tiveram as medidas corporais anotadas uma vez por semana. A partir da segunda semana de vida, a equipe também colheu amostras de sangue para determinar parâmetros sanguíneos referentes ao metabolismo, como concentração de glicose.
Foram coletadas ainda amostras de fluido ruminal, por meio de sonda, na quarta, sexta e oitava semana de vida, a fim de determinar o pH, a concentração de ácidos graxos (produzidos por bactérias por meio da fermentação no rúmen) e de N-amoniacal (nitrogênio em forma de amônia, que pode ser utilizado por bactérias para síntese de proteína).
Ao final da oitava semana de vida, os animais foram pesados e em seguida abatidos para a avaliação de peso e volume dos compartimentos do trato digestório superior, assim como para a contagem e medição das papilas ruminais – estruturas que revestem a parede interna do rúmen. “Quanto maior o número de papilas por área e maior a altura e a largura dessas papilas, maior a capacidade de absorver os produtos finais da fermentação”, disse Bittar.
DesdobramentosBittar coordenou uma equipe com seis alunos de pós-graduação em Ciência Animal e Pastagens, dois doutorandos e quatro mestrandos – sendo três dos alunos de mestrado com bolsa FAPESP; quatro alunos de graduação em Engenharia Agronômica; dois alunos em programa de Tutoria Acadêmico-Científica, da Pró-Reitoria de Graduação da USP; e um técnico lotado no Laboratório de Bromatologia do Departamento de Zootecnia.
De acordo com Bittar, “originalmente, teríamos uma dissertação e uma tese associadas ao projeto. Mas um novo Auxílio à Pesquisa da FAPESP permitiu que realizássemos uma investigação sobre a saúde e o metabolismo de animais acometidos por diarreia nos experimentos com polpa cítrica e melaço, que resultou em mais uma dissertação”.
Quatro trabalhos foram publicados em congressos nacionais e três em congressos internacionais. “Agora, estamos preparando artigos na íntegra para a publicação em periódicos”, completou a pesquisadora.

FONTE: FAPESP/PORTALDIADECAMPO